segunda-feira, 22 de agosto de 2011

O Vapor Saudades

1938 – Império Colonial Português. Selo de 80c laranja, obliterado com carimbo batido a verde do “Vapor Saudades”. Carimbo aposto nas cartas lançadas na caixa de correio a bordo do navio.

            Em 7 de Fevereiro de 1916, em plena Guerra Mundial, foi promulgada a Lei n.º 480 (Lei da subsistência), que permitia ao Governo de então requisitar em qualquer momento matérias-primas ou meios de transporte que fossem indispensáveis aos interesses da economia nacional. A 17 de Fevereiro o governo britânico solicitou ao governo português a requisição urgente dos navios alemães fundeados na metrópole e colónias. Por Decreto n.º 2.229 de 23.02.1916 o Governo promulga as condições do modo como processar essa requisição. No dia seguinte (24 de Fevereiro) é publicado um novo Decreto com o n.º 2236 que determina a requisição para o serviço do estado dos navios retidos no porto de Lisboa, num total de 34, dos quais fazia parte um navio de nome “Phoenicia”.
            O “Phoenicia” é o segundo de uma série de três navios com o mesmo nome, que fizeram parte da empresa “The Hamburg Amerikanische Packetfahrt Actien Gelleschaft”, muitas vezes designada como “Hamburg América Linie” ou então abreviadamente como HAPAG. Esta companhia de navegação chegou a ser uma das maiores do Mundo.
            O “Phoenicia” construído na Alemanha em 1913 pelo construtor naval Flensburg Schiffesban A.G, com sede em Flensburg, tinha uma capacidade de carga de 2.185 toneladas, com 41 tripulantes e permitia o transporte de 14 passageiros. Tinha 111,03m de comprimento, 15,57m de boca e deslocava-se a 12 milhas/hora.
            A Portaria n.º 616 datada de 15 de Março de 1916 emanada do Ministério da Marinha determinava que fossem alterados os nomes dos navios alemães para nomes portugueses. Assim o “Phoenicia” é rebaptizado como “Peniche” e é integrado na frota da recém-criada empresa Transportes Marítimos do Estado (TME).
            Em 1925 em conjunto com mais outros oito navios foi vendido à Sociedade Geral de Comércio, Indústria e Transportes, mais conhecida como Sociedade Geral, onde passou a ostentar o nome de “Saudades”
Desenho do Vapor Saudades
            A Sociedade Geral criada pelo industrial Alfredo da Silva em 1919, começou a operar com os seus barcos em 1922 com serviços marítimos para África, Norte da Europa e América do Norte. Em 1972 fundiu-se com a Companhia Nacional de Navegação.
            O vapor Saudades foi desmantelado em 1958.

Bibliografia
·          A Marinha Portuguesa na 1.ª Guerra Mundial * Parte II – A acção da Marinha na Europa por Bordalo Sanches, Boletim do Clube Filatélico de Portugal n.º 407
·          www.theshipslist.com


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