Figura 1 |
Este apontamento vem a propósito de um artigo publicado por Fernando Oliveira Pinto no Boletim n.º 429 do Clube Filatélico de Portugal, editado em Outubro de 2010, acerca do período de transição entre a primeira e a segunda reforma postal, no que concerne à alteração das marcas postais atribuídas a cada uma das estações postais.
Como é do conhecimento geral, a primeira reforma teve início em 1 de Julho de 1853 com a introdução dos selos adesivos e prolongou-se segundo o autor citado até 12 de Novembro de 1869. Por sua vez a segunda reforma iniciou-se nesta data e ter-se-á prolongado até 14 de Fevereiro de 1878.
Com a primeira reforma foram introduzidos nas estações postais os chamados carimbos numéricos de barras, que tinham como função a obliteração das correspondências, marcas estas que na sua grande maioria eram constituídas por um número de barras que variavam entre 11 e 20.
Estando estes carimbos em uso há já 16 anos, e sendo constituídos por um número elevado de barras que prejudicavam a sua manutenção, eles foram-se degradando havendo por tal razão a necessidade de se proceder à sua substituição. Optou-se pois, atendendo às dificuldades na sua limpeza e manutenção, por um carimbo mais robusto e de fácil manutenção reduzindo o número de barras para 8.
Figura 2 |
Numa primeira fase começaram-se a distribuir estes novos carimbos de acordo com a numeração atribuída pela ordenação da primeira reforma postal a cada uma das estações. Porém, tendo-se ordenado por Decreto de 12 de Novembro, uma nova reforma postal para substituir a de 1853, dado o progressivo desenvolvimento dos Correios, algumas estações postais foram suprimidas e outras foram criadas, pelo que a ordem numérica de cada uma das estações foi alterada. A título de exemplo Coimbra que na primeira reforma tinha a marca “77” passou a ter que utilizar a marca “78” na segunda reforma.
Perante esta nova ordenação houve necessidade de se ajustar a cada estação a sua nova marca, pelo que terá existido um período de cerca de 3 meses, que se prolongou de Novembro de 1869 a Janeiro de 1870, em que houve estações que utilizaram as marcas do tipo da segunda reforma com o número de ordem da primeira reforma. Conforme referimos a cidade de Coimbra foi um destes exemplos, que iremos agora demonstrar.
Figura 3 |
Na figura 1 reproduzimos uma carta circulada de Coimbra (26.09.68) para o Porto (27.09.68) com o primeiro porte simples de 25 reis (selo tipo D. Luís I, fita curva, denteado, de 25 reis carmim). Como podemos observar está obliterada com um carimbo numérico de 11 barras com o número “77” atribuído pela lista da primeira reforma e com a tipologia inerente ao período.
Figura 4 |
Na figura 2 podemos observar uma carta circulada de Coimbra (07.10.69) para Lisboa (08.10.69) com o primeiro porte simples de 25 reis (selo tipo D. Luís I, fita curva, denteado, de 25 reis carmim). Neste exemplo a estação postal de Coimbra já utiliza correctamente a nova marca com a tipologia da 2.ª reforma, pois ainda não havia sido publicado o Decreto com a nova ordenação.
Figura 5 |
O exemplo seguinte, representado na figura 3, é uma carta circulada de Coimbra (04.01.70) para o Porto (04.01.70) com o primeiro porte simples de 25 reis (selo tipo D. Luís I, fita curva, denteado, de 25 reis carmim). Não é compreensível que passados quase dois meses após a publicação do Decreto que atribui nova ordenação a Coimbra (n.º 78) ainda mantenha uma marca com a ordenação da primeira reforma. É que Coimbra tinha o estatuto de Administração Central e não era propriamente uma pequena estação de correios do interior.
A carta apresentada na figura 4, circula de Coimbra (02.01.1879) para o Porto (03.01.1879) com o primeiro porte simples de 25 reis (selo tipo D. Luís I, fita direita, papel liso, denteado 13 ½, de 25 reis carmim). Ostenta já o carimbo de 8 barras com o número 78, atribuído pela nova ordenação do Decreto de 12 de Novembro de 1869.
Na figura 5 reproduzimos uma carta circulada de Vilaverde para o Rio de Janeiro (25.09.80) com trânsito por Lisboa (07.09.80) com o primeiro porte simples para países estrangeiros (selo tipo D. Luís I, fita direita, de 80 reis laranja, papel liso, denteado 13 ½), obliterada com carimbo numérico de 8 barras “77” atribuído a Vilaverde pela ordenação da segunda reforma.
Bibliografia
· Boletim 429 do Clube Filatélico de Portugal, Outubro 2010
· História do Selo Postal Português, volume 1 – Os Selos da Monarquia, A. H. de Oliveira Marques
· Catálogo de selos Afinsa 2011
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