quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Etiqueta Mod 264-A

            A 18 de Abril de 1936 a Repartição Central dos Correios e Telégrafos de Angola, ainda que, com carácter precário, decidiu introduzir o serviço postal aéreo na colónia. A solução de recurso baseava-se no aproveitamento das ligações aéreas que a Sabena mantinha quinzenalmente entre Leopoldville e Bruxelas. As correspondências seriam transportadas por via terrestre de Luanda para Leopolddville numa carrinha fretada à empresa SAPIC – Sociedade Angolana para o Intercâmbio Comercial. Esta carrinha demorava 3 dias no percurso entre as duas localidades, quando um avião faria esse percurso em três horas.
Figura 1
Porém, enquanto não fosse possível estabelecer uma ligação aérea de Angola para o vizinho Congo Belga, esta solução de recurso permitia que uma carta apenas levasse 9 dias a chegar a Lisboa. Tomaram-se de imediato as providências necessárias para se implementar as medidas aprovadas, tendo-se programado a primeira mala por via aérea para ser executada no dia 24 de Junho desse ano.
Tal como foi previsto nesse aprazado dia saiu de Luanda a carrinha da Sapic que deveria chegar a Leopoldville a 27 de Junho, a tempo de o correio seguir no voo da Sabena previsto para saída a 28 de Junho. Nesta primeira mala com correio aéreo seguiram 218 cartas ordinárias e 22 registadas com um peso total de 1.363 gramas, destinadas a Portugal e vários países da Europa e América.
É nesta correspondência que pela primeira vez são utilizadas as etiquetas Mod. 264-A, devendo para tal ser considerado o dia 24 de Junho de 1936 como o primeiro da sua circulação. Na figura 1 reproduzimos uma das cartas que seguiram nesse primeiro voo. Circulada registada de Luanda (24.06.36) para Lisboa (05.07.36) com trânsito por Leopoldville (28.06.36). Pagou de porte em selos 3$75 correspondente a: 1$75 pelo primeiro porte de correio ordinário para países estrangeiros (peso até 20g) e 2$00 pelo prémio de registo. Como sobretaxa de correio aéreo pagou 0,58frs correspondente ao primeiro porte para países europeus (peso até 5g).
Segundo o regulamento aprovado todas as correspondências levariam coladas na sua face anversa uma etiqueta azul, Mod 264-A, devendo efectuar-se as seguintes operações na expedição das correspondências-avião:
  • Pesagem e anotação de peso a lápis no próprio objecto, cálculo e cobrança de franquia, em selos, a afixar nos termos das tabelas em vigor, incluindo o prémio de registo se o objecto fosse registado. Cálculo e cobrança da sobretaxa avião a cobrar, em dinheiro ao público, segundo a respectiva tabela.
  • A afixação do modelo 264-A no objecto e indicação da sobretaxa em Francos Ouro, a tinta preta.
  • Registo na caderneta especial, modelo 265-A das correspondências ordinárias. Ao remetente era dado recibo da importância recebida, ficando o duplicado do mesmo recibo arquivado na estação. Os registos eram inscritos no livro Mod. 20, acrescentando-se as indicações do peso, importância da sobretaxa e o destino.
  • Organização da lista A.V.2 onde se mencionava em globo, o peso total das correspondências em relação a cada país.
Em 1945, por ordem de serviço n.º 13 da Direcção dos CTT as etiquetas foram mandadas retirar de circulação, e substituídas por vinhetas taxadas de diversos valores.
Figura 2
As etiquetas foram tipografadas localmente na Imprensa Nacional de Angola e apresentam uma impressão pobre, com diferenças notórias nos espaçamentos dos traços horizontais e verticais do rectângulo circundante às legendas. Foram impressas em papel liso, denteado 11 ½. Porém as etiquetas situadas nos bordos da folha têm uma margem não denteada, e as etiquetas dos cantos de folha, duas margens não denteadas.
São muito raros os exemplares múltiplos destas etiquetas. Tive a oportunidade rara de comprar um bloco com 15 vinhetas (3x5). Um estudo deste bloco (figura 2) permitiu encontrar algumas variedades não assinaladas nos catálogos. Aparece a tradicional variedade de falta de ponto depois de “Frs” (4.ª etiqueta); aparece também uma variedade não catalogada: vírgula em vez de ponto depois de “Frs” (13.ª etiqueta); finalmente, para além de espaçamentos diferenciados das linhas do rectângulo, oito etiquetas apresentam 19 pontos no tracejado e sete apenas 18 pontos.
Figura 3
A terminar apresento uma carta circulada pelo 1.º voo de regresso efectuado pela South Africa Airways de Luanda (24.08.39) para Windhoek (25.08.39) com o porte de 1$80 (1$75 pelo primeiro porte do correio ordinário + $05 de excesso de porte). Estes voos inaugurais da carreira da SAA entre Cape Town e Luanda não estavam sujeitos a qualquer sobretaxa do correio aéreo. Como particularidade, a carta apresentada exibe na face anversa uma etiqueta Mod 264-A sem ponto depois de “Frs”. A etiqueta é usada apenas com carácter informativo da via utilizada (por avião).

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