Indígenas aglomerados no Forte Cuamato |
No apontamento aqui publicado no dia 28 de Agosto, escreveu-se sobre a criação da estação postal de D. Luís de Bragança, instalada no forte com o mesmo nome, atribuído em homenagem pela passagem do Príncipe D. Luís de Bragança por Angola, na sua viagem pelas colónias. Focou-se também, embora de forma ligeira, o seu desaparecimento, presumivelmente segundo alguns relatos, pela destruição do forte em 1914. O certo é que nesta data este forte já não ostentava o nome do príncipe herdeiro à Coroa Portuguesa. As referências a este forte, ainda com o seu nome original é muito rara, ficando muitas vezes a ilusão de que ele quase não existiu.
Figura 1 |
Porém uma das virtudes da investigação e pesquisa, é facultarem-nos quando menos se espera as respostas para as dúvidas que persistiam, e de certo modo recolocar a sequência lógica dos factos que porventura estejam menos perceptíveis e também algo dispersos.
Havia uma lacuna por preencher na história do forte de D. Luís de Bragança, e ela foi superada com a descoberta de Portaria Provincial n.º 1055 de 28 de Setembro de 1911, portaria essa que determinou a extinção, ou mais precisamente, o “apagar” de todos os nomes da Dinastia de Bragança atribuídos a instalações militares e civis do Estado. Pela figura 1, que reproduz a citada portaria, podemos perceber que o forte de D. Luís de Bragança passou a denominar-se Forte do Cuamato, e a povoação que surgiu em seu redor também se passou a denominar por esse nome. Porém, como verificamos no apontamento sobre a estação postal de D. Luís de Bragança, o nome monárquico continuou a figurar na marca de dia da estação, muito para além da data da portaria.
Figura 2 |
Somente a 5 de Agosto de 1913, pela Ordem de Serviço n.º 285 (Fig. 2) foi atribuída uma nova marca à estação postal instalada no rebaptizado Forte do Cuamato. Havendo dificuldade em suprir todas as estações com marcas de dia, foram encomendados 40 carimbos volantes para servirem temporariamente nas estações postais recém-criadas. Não foi criada uma nova estação postal no Cuamato, pois ela resulta da alteração da toponímia, para dar cumprimento aos desígnios da Portaria referida, sendo-lhe então atribuído o carimbo volante n.º 1, conforme Fig. 3. Esta marca de dia vai-se manter em uso na estação postal do Cuamato por muitos anos, não tendo conhecimento de outra marca atribuída nos anos imediatos.
Figura 3 - Carta remetida do Cuamato (23.06.1915) para Vouzela (08.08.1915), isenta de franquia obliterada com carimbo volante n.º 1 atribuído à estação postal do Cuamato |
Está assim reposta a real sequência dos factos. Porém, o caricato da situação é que tendo sido banidos do quotidiano angolano todos os nomes da Família Real a republicana estação postal do Cuamato, continuou a obliterar a correspondência com o título monárquico de D. Luís de Bragança durante quase dois anos.
Bibliografia
· Boletim Oficial de Angola
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