O aparecimento da povoação de Cassinga está intimamente relacionado com a fundação na região de uma missão da Congregação dos Padres do Espírito Santo. Esta missão já existia quando em 1885, para salvar o Presídio de Caconda, o Tenente Artur de Paiva organizou uma coluna militar que partindo daí se dirigiu ao Rio Cubango, tendo como objectivo a instalação de dois postos militares, que sustassem as investidas que os cunhamas e outros povos da região ovampo que habitualmente faziam sobre aquele Presídio. Quando a coluna se instalou junto da missão criou aí um posto militar pobremente guarnecido. Seguiu-se depois a instalação de mais dois postos militares, ambos de efémera existência (Princeza Amélia e Maria Pia) mas que foram a base da ocupação da região Ganguela.
Este posto militar de Cassinga também foi conhecido por Posto Artur de Paiva a partir de 1909 (Portaria 97, Boletim Oficial n.º 5), tendo ficado adstrito, a partir de 12.12.1917, ao então criado Distrito Militar do Cunene com sede em Mulondo.
Em redor do Posto Militar haveria de se desenvolver uma povoação de 4.ª categoria, que teriam um desenvolvimento extraordinário em finais da década de 60 com a descoberta de importantes jazidas de minério de ferro.
A economia de então girava à volta de um conjunto de 4 casas comerciais, que se dedicavam ao comércio com os povos indígenas, destacando-se a permuta de cera, milho, gergelim, ginguba, feijão, massango e tabaco. A pecuária (gado bovino) também tinha um peso significativo na economia da região, para além da caça.
Antes de ser instalada uma estação postal a povoação de Cassinga era servida por uma estação telegráfica. Somente em 18 de Maio de 1910 pela Portaria n.º 414, publicada no Boletim Oficial de Angola n.º 21 de 21 de Maio de 1910 é criada uma estação postal de 3.ª classe, ficando a cargo do chefe da estação telegráfica. Desempenhava os serviços de venda de selos e outras fórmulas de franquia, e de correspondências ordinárias e registadas.
Não é conhecida qualquer marca de dia desde a data da sua criação até à atribuição em 5 de Agosto de 1913, pela Ordem de Serviço n.º 285 dos CTT, o carimbo e sinete para lacre com o número “4”. Presume-se que durante esse período as obliterações terão sido manuscritas.
O carimbo volante teve uma existência efémera, pois desapareceu da estação em finais de 1916 não se sabendo qual o destino que lhe foi dado. Apurou-se pelo Boletim dos CTT de Angola de Dezembro de 1916 que foi levantado um auto de inquirição para se apurar as razões do extravio do carimbo. Presumimos que o seu extravio se manteve, pois não encontramos esta marca a obliterar objectos postais para além daquela data, sendo muito raros os espécimes filatélicos com esta obliteração. Reproduzimos na figura 1 um dos muito poucos exemplares conhecidos, obliterado com este carimbo numérico volante.
Bibliografia
· Boletim Oficial de Angola
· Dicionário Corográfico - Comercial de Angola – Antonito, 4.ª Edição – 1959
· Índice Histórico-Corográfico de Angola, Mário Milheiros, 1972
· Marcas Postais de Angola, Alexandre Guedes de Magalhães, 1986
· Meio Século de Lutas no Ultramar, Bello de Almeida, 1937, Sociedade de Geografia de Lisboa
Sem comentários:
Enviar um comentário