Pela Ordem de Serviço n.º 284 de 5 de Agosto de 1913 a Repartição dos Correios de Angola começaram a distribuir pelas estações postais, que não possuíam marcas de dia, vinte carimbos e sinetes para lacre, com a particularidade de apenas se referenciarem por um número. Estes carimbos deveriam ser utilizados com carácter transitório enquanto a estação não recebesse a sua marca de dia definitiva. Nem sempre assim aconteceu, porque na maior parte dos casos, os carimbos acabaram por estar em uso nas estações por muitos anos. Depois de distribuídos os primeiros 20 carimbos, foram encomendados mais 10 carimbos e de seguida outros 10 carimbos. Assim existiram 40 carimbos numerados de 1 a 40.
O carimbo numérico “37” e o correspondente sinete de lacre foram atribuídos pela Ordem de Serviço n.º 8 de 15.01.1917 (Fig. 1) à estação postal de 3.ª classe do Cuílo.
O Cuílo era em 1899 um Posto Administrativo da Circunscrição de Camaxilo no Distrito da Lunda criado pela Portaria Provincial n.º 280 de 17.06.1899, tendo sido extinto em 23.06.1940 pela Portaria n.º 3391 e integrado o seu território na área do Posto de Caluango. Em 1968 voltou a ser novamente Posto Administrativo passando em 1971 a ser uma Circunscrição com o mesmo nome.
Era uma povoação de 4.ª categoria distando cerca de 900 kms de Luanda e a 377 kms de Henrique de Carvalho. Não existiam casas comerciais nem fazendas agrícolas. O seu comércio baseava-se na permuta e pequenas quantidades de amendoim, óleo de palma, couros e cera. Este comércio era feito normalmente no Congo Belga, pela sua proximidade.
Em 28 de Julho de 1911 foi criada no Cuílo uma estação postal de 3.ª classe, desempenhando os serviços de venda de selos e outras fórmulas de franquia, e de correspondências ordinárias e registadas. A estação postal ficou a cargo do Comandante do Posto Militar que ali existia.
Provavelmente, como não tinha marca de dia atribuída, inicialmente as correspondências eram obliteradas a manuscrito. Conforme anteriormente referimos só em 15 de Janeiro de 1917 é que lhe foi atribuído o carimbo volante n.º 37 pela Ordem de Serviço n.º 8 da Repartição Superior dos Correios.
Figura 1 – Carta remetida do Cuílo (08.07.20) para os EUA com trânsito por Malange (20.07.20).
Franquiada com 13c correspondente a: 5c pelo 1.º porte + 6c pelo 2.º e 3.ºs portes + 2c de excesso de porte.
Selos obliterados com carimbo numérico volante n.º 37
Este carimbo, e correspondente sinete, terá estado em uso nesta estação até início do ano de 1940, data em que foi extinto o Posto Administrativo que ali funcionava.
Em 1945 o carimbo volante referido aparece a obliterar correspondências da estação postal de Marimba.
Figura 2 – Carta remetida de Marimba (16.07.45) para Los Angeles (01.10.45) com trânsito por
Malange (19.07.45), Luanda (22.07.45) e Nova York (26.09.45). Franquiada com selo de 1$00 do
correio ordinário e selo de $50 do imposto postal (Assistência). Esta carta é um paradigma do funcionamento
dos correios ultramarinos. Presumivelmente a carta foi registada (registo manuscrito). Como foi possível
aceitar uma carta para registo sem a franquia exacta e tentar depois porteá-la? Também não era devido
o selo do imposto postal. Assim a carta deveria ter sido franquiada com 1$75 pelo 1.º porte (cartas com o peso
até 20g para o estrangeiro) e 2$00 pelo registo. Embora marcada com o carimbo de porteado não nos parece
que tenha siso cobrado o dobro do porte em falta no destino. Selos obliterados com carimbo numérico volante.
Marimba era uma povoação comercial de 4.ª categoria. Inicialmente, cerca do ano de 1903, era conhecida por “Posto de D. Amélia” e manteve-se com esse até nome até que pela Portaria n.º 1055 de 28 de Setembro de 1911, passou a denominar-se de Marimba. Esta portaria tinha como finalidade banir os nomes da Dinastia de Bragança de todos os estabelecimentos e fortes de Angola.
A povoação de Marimba foi, historicamente, muito importante por ter nas suas imediações o sobado de Cabombo cujo chefe se intitulava de Rei dos Jingas.
Marimba foi ainda denominada Monteverde, teve ainda o nome de Caombo e actualmente voltou a denominar-se de Marimba.
Economicamente era uma região muito forte, com explorações agrícolas muito importantes, destacando-se uma exploração de algodão concessionada à COTONANG. Malgrado a importância histórica, económica e política de Marimba, esta localidade apenas passou na estar servida por uma estação postal de 3.ª classe em 24 de Novembro de 1917, desempenhando os serviços de venda de selos e outras fórmulas de franquia, correspondências ordinárias e registadas, de acordo com a Portaria n.º 228.
Desconhecemos a existência de marcas de dia, nesta estação postal, anteriores à utilização do carimbo volante n.º 37.
Bibliografia
· Boletim Oficial de Angola
· Dicionário Corográfico - Comercial de Angola – Antonito, 4.ª Edição – 1959
· Índice Histórico-Corográfico de Angola, Mário Milheiros, 1972
· Marcas Postais de Angola, Alexandre Guedes de Magalhães, 1986
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